segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Estrangeira-de-mim

Fico porque faz sentido.

Fico porque escolhem ficar comigo.

Fico porque há troca. Reciprocidade.

Permaneço. Persisto. Pertenço.

Pertencer é tão lindo. Tão potente.

É se sentir acolhido, querido, amado. 
É se sentir cuidado.

Sei que muitas vezes meus pensamentos, devaneios, leituras distorcidas da realidade me levam para lugares ruins.

Mas não quero acreditar que sou sempre a responsável pelos afastamentos.

Se há algo que aprendi ao longo de todo esse tempo, é que não há culpa; há responsabilidades.

Todos nós somos atores e espectadores daquilo que nos acontece.

É sempre uma equação.

Mas às vezes, nas equações da vida, há sempre algo que oferta menos à soma.

Disponibilidades, desejos… devaneios dos outros.

Cada um dentro das suas possibilidades, medos, crenças, inseguranças, vontades.

Há lugares em que quero ficar. Há lugares em que retorno, mas não me sinto em casa.

Existem sombras. Fantasmas. Não-ditos. Cristalizações. Pré-concepções.

Tudo ainda mexe comigo. Sou humana. Talvez a indiferença seja o pior.

Tudo ainda reverbera. Tenho um coração. Tenho memórias. Impermanências. Não-participações.

Sou estrangeira em tantos lugares.

Mas que eu nunca seja estrangeira-de-mim.

sábado, 21 de outubro de 2023

Impressões

Será que me vejo
Como os outros me veem?

Será que me veem 
Como realmente sou?

Olhos, olhares
Cenários, suspeitas
Sensações 

Vitrines, retratos
Pensamentos, espelho
Impressões 

Reflexos
Quem eu sou?

Será que me vejo 
Como me veem?

Será que sei
Quem realmente sou?

Tempo, lembranças 
Memórias, afeto
Resoluções 

Sou tantas
Dentro de mim
Que já nem eu mesma sei.

Vou sendo como posso
Como consigo
Tantas e tantas versões de mim

Por tantos lugares já passei
Quanta gente já conheci

Por cada caminho que andei
Deixei um pedaço de mim 

Nesses retalhos pelo caminho
Será que me reconheço?
Será que me reconhecem?

Já nem sei mais
Minha verdadeira face.

É fato que a mudança é constante 
Mas que eu possa ver o melhor em mim
Sempre 

Quanto aos outros;
São passageiros ou permanência?
Me veem pelo que sou
Ou pelo que pensam?

Sei lá, às vezes cansa
Viver à sombra de expectativas 
Minhas e dos outros 

Viver criando personagens 
Que eu já nem sei mais atuar 

Que eu me perdoe pelos desencontros 
Que eu veja beleza no novo
Que eu me reencontre comigo,
Sempre que puder 

Que eu não me aprisione 
Pelos olhos dos outros
Nem pelo meu próprio
Medo 

Que eu seja eu
Sempre
Do modo que puder 

Pois existir, em meio a tanto caos
É força.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Repetições de um carnaval

É bizarro como as coisas mudam em dois anos.
É bizarro como as coisas mudam.

Relações se refazem. Vínculos se desfazem.

Promessas são quebradas. Mas quem prometeu?

Ilusões são criadas.

Às vezes vezes achamos que algumas coisas são para sempre. Às vezes achamos que podemos confiar.

Às vezes aquela vozinha que te puxa para o escuro fala mais alto.

Às vezes o poder cega. Mas quem pode?

Escolhas são feitas. Isso não podemos negar. Mas acredito que nenhuma decisão é unilateral.

Escolhemos oferecer ao outro aquilo que queremos. Às vezes as partes bonitas são escondidas e as partes feias se sobressaem. É preciso ser recíproco.

Caos. Medo. Saudade. Confusão. Insegurança. 

Pertencimento? Será que um dia houve?