Refúgio

E se eu disser que não estou feliz? E se eu disser que a busca por algo concreto me enganou, mais uma vez? Porque é exatamente assim que me sinto agora. Enganada, magoada, frustrada. Triste por não saber viver. Tenho andado tão obcecada, procurando por uma coisa que eu de fato nem sei se existe. Amor, o que é o amor? Já me perdi tanto nesse caminho que não mais sei. Sinto falta das tardes chuvosas em que ficávamos em casa, juntos, sem pensar em nada. Sinto falta da maneira como você me fazia sorrir. Por que tudo isso acabou? Por que temos que estar tão distantes assim? E o que vai ser da minha vida sem um carinho seu? Não sei, não sei... Às vezes me pergunto qual é a essência de estar aqui. Por que vivo? Para que vivo? São só mais  algumas horas, alguns dias, alguns anos de existência. Uma falsa existência. Uma constante imprecisão de sentimentos e pensamentos. Queria fugir. Sumir no abismo da imaginação, onde tudo parece perfeito. Estar entre nuvens... Ver o pôr-do-sol.  Acordar com a certeza de tempos melhores. Por que a felicidade tem de ser momentânea? Não me apetece! Quero o sorriso fixo, a coração a palpitar ligeiramente. Mas o que verdadeiramente me assola são as dúvidas. É o medo que viaja por entre as minhas veias. Não é medo de morrer, não senhor. O que me amedronta é o amanhã. O meu temor é não ser boa o suficiente. Existirá então um futuro para mim? E um refúgio? Apenas tento encontrar a solução. O enigma do meu ser. O problema que me prende a este lugar. Será a paz assim tão difícil de se achar? Nas minhas entrelinhas, eu desbravo o mundo. Sou personagem. A protagonista, a vilã, a mocinha. A princesinha apaixonada que se cansou de esperar pelo príncipe encantado. Cavalo branco, onde está que nunca chega a galopar pelos meus jardins? Quero a inspiração de cada dia, o aroma forte do café que me remete à fantasia... Olhe em meus olhos e diga que a loucura não me debelou.  A sanidade ainda existe, a razão persiste forte, dentro de mim. Mas que razão é essa que me aprisiona? Quero a liberdade das minhas emoções. Quero chorar e rir, viver a minha dor.  Desgosto de existir no planeta da incompreensão. 

Desconhecidos

Não é que eu tenha mudado. Eu apenas cansei. Cansei de fazer tudo por ti e não receber nada em troca. Sabe, às vezes eu só queria um pouco de atenção. Desculpa, eu sei que talvez amar-me do jeito que te amo seja pedir demais. Às vezes me pergunto do que tens medo. É medo da distância ou de nosso destino? Sinto falta do nosso antigo amor. Sinto falta de nossas conversas, risadas e confissões. Sinto falta de quando tu costumavas ter tempo para mim. Tempo para me mimar e me fazer sorrir. Tempo para sermos nós dois. E hoje, o que somos? Quase dois desconhecidos, machucando um ao outro sem ao menos perceber. Dói tanto não te ter por perto, tu nem imaginas. E eu tendo que ser forte a cada momento, deixando o meu orgulho falar mais alto. Decidi que não posso mais dar o braço a torcer, vai ser melhor assim. Quem sabe longe, tu dês valor ao sentimento que te ofereci um dia. Quem sabe assim tu realmente sintas minha falta, assim como sinto a tua. A cada dia que passa, tenho mais certeza de que meus sonhos podem se tornam realidade sim. Mas será que todos eles valem à pena? Será que vale à pena esperar por ti? Sinceramente, eu só queria que tu me notasses. Queria mesmo que se importasses com aquilo que sinto. Queria que percebesses o quão sincero e verdadeiro é o meu amor por ti. Enquanto vives tua vida sem mim, continuo a escrever meus versos tristes, sonhando com o dia em que tu virás enxugar as minhas lágrimas, e calar o meu choro com um beijo. Só queria ser feliz contigo. Queria que estivesses aqui para me fazer sorrir.