sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vendas


Tumblr_ll7wn4u5wq1qez80eo1_r1_500_largeSomos tão fúteis, tão egoístas. Farinha pouca, meu pirão primeiro. Todos se importam apenas com seus problemas, seus próprios umbigos. Muitos morrem de fome enquanto outros reclamam de barriga cheia da comida que dizem ser ruim. É tanta hipocrisia, tanta maldade, tanta individualidade e tanta corrupção. E qual é mesmo a necessidade humana? O que, de fato, é estritamente importante? Pão e água? E nem isso lhes dispõem. Lazer e cultura são luxos para aqueles que detêm o poder. E os outros - pobres miseráveis! - que se danem. É muito cômoda a situação de serem favorecidos em praticamente todos os aspectos da vida. Para que questionar? É tão mais fácil colocar a culpa no outro; jogar a peteca para o governo. E esse sistema podre, quem é que compõe? E esses políticos-pinóquios, quem é que escolhe? Estão sempre aptos a julgar, mas nunca a agir. Já que não os incomoda, para que se importar? Tudo isso só vai mudar quando o problema de um se tornar um problema de todos; quando o mundo deles invadir o nosso, e quando eles dominarem e matarem o que é seu. Nossa cegueira social só se extinguirá a partir do momento em que a fome, a violência e o desespero forem também a nossa dor, o nosso calo. Uma providência só será tomada quando roubarem nossos carros, nossas casas e nossas vidas. Por enquanto, mantenham todos suas vendas: o espetáculo do horror, ao qual assistimos a de camarote, ainda não acabou.   

Manchas

          O relógio marca uma hora. No telhado, ouço o barulho da dança dos pingos de chuva. Na mesa, a caneca com o café já frio. Nas mãos, livros, cadernos e canetas. No pensamento, ideias mil e umas. Festa, amigos, novo caso. Vestibular, vida. O soldado que nasceu errado. A essência de tudo, onde está? A vontade, a coragem, a esperança. O grito de guerra pela paz trancafiado na garganta. 
          Minha mãe se remexe na cama; meus sentimentos se remexem em meu coração. E na cabeça, tudo é um nó malfeito a ser desfeito ou refeito. Onde vou parar? Não sei. Só sei que sonho demais. O azul de minhas unhas refletem a expectativa e o cansaço em meus olhos. Que sentido faz? Não desisto. Emoções se derramam como as gotas que agora escorrem pelo vidro das janelas. Elas vêm e vão? Tudo para ou segue? Busco em algum espelho minha face que se perdeu. Ou quem sabe ainda nem a conheci. Adeus, adeus. O gole de café já mancha minha roupa.