Um novo ciclo recomeça. 2017 desejos, sonhos, pedidos e orações. Superstições, dedos
cruzados, ondinhas puladas, escolha de cores, contagem regressiva, oferendas,
estouro do champanhe, fogos, fotos, beijos, abraços e o brindar... Contudo,
ao invés da característica esperança, veio o medo. Veio a ansiedade frente
ao desconhecido. O frio na barriga por pensar em ter de enfrentar o mundo. Este
será um ano decisivo. Política, econômica e academicamente. Um ano de
surpresas. Resta saber se o que virá é bom ou ruim. Resta saber se poderei
lidar com o que está por vir. Dia após dia, certamente tudo é novo. Seja o ano
novo ou não. Dia após dia, tudo é incerteza.
A gente tenta ser melhor. A gente tenta se estressar menos. A
gente tenta ter mais paciência, tenta ser mais otimista e positivo. A gente tem
de segurar as pontas pra continuar seguindo; e a gente precisa seguir
sorrindo. A gente tem de disfarçar os tropeços, tem de empurrar para
debaixo do pano os erros e medos. A gente tem de engolir calado. A raiva e as
frustrações. E, por vezes, até os desejos. O mundo é cruel. A gente precisa. A
gente precisa engolir o choro diante das tão frequentes tragédias, a gente
precisa calar o grito de revolta e dor. A gente precisa lutar, mas parece
que a força só se subtrai...
A gente precisa de mais paz. Com nós mesmos. A gente precisa ser
mais tolerante com nossos medos e dores. A gente precisa saber a hora de
pedir ajuda. A gente não pode deixar que a escuridão seja mais forte que a
luz. A gente precisa continuar lutando... A gente precisa ouvir mais, entender
mais, perdoar mais. A gente precisa se dar mais as mãos. A gente precisa de
cautela para enfrentar o novo. A gente precisa ser forte. Precisa.
Precisamos, acima de tudo, agradecer por termos chegado até
aqui. A estrada tem sido árdua. O caminho tem sido longo e sinuoso. Os pés
estão calejados. Os pulmões necessitam de mais ar. Os olhos estão cansados e
marejados. Mas o pulso ainda pulsa. Ainda estamos aqui, afinal. No peito
o coração ainda bate, mesmo que ofegante. Ainda rimos e choramos. Ainda há,
sim, um fio de voz a gritar. Mesmo que baixo. Mesmo que entrecortado. Ainda
existimos, e isso basta. Mesmo diante da triste seca, aquele grãozinho
ainda insiste em brotar. Ainda insiste em fincar raízes nesse solo pobre,
rachado e pedregoso. E cresce, dia após dia, desafiando quem ousara
desacreditar. E se desenvolve, semeando esperanças naqueles que nunca deixaram
de crer. Eis que brotam as flores...
Levante-se;
Nós iremos colher nossos frutos.