segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Sobre ciclos e recomeços



Um novo ciclo recomeça. 2017 desejos, sonhos, pedidos e orações. Superstições, dedos cruzados, ondinhas puladas, escolha de cores, contagem regressiva, oferendas, estouro do champanhe, fogos, fotos, beijos, abraços e o brindar... Contudo, ao invés da característica esperança, veio o medo. Veio a ansiedade frente ao desconhecido. O frio na barriga por pensar em ter de enfrentar o mundo. Este será um ano decisivo. Política, econômica e academicamente. Um ano de surpresas. Resta saber se o que virá é bom ou ruim. Resta saber se poderei lidar com o que está por vir. Dia após dia, certamente tudo é novo. Seja o ano novo ou não. Dia após dia, tudo é incerteza

A gente tenta ser melhor. A gente tenta se estressar menos. A gente tenta ter mais paciência, tenta ser mais otimista e positivo. A gente tem de segurar as pontas pra continuar seguindo; e a gente precisa seguir sorrindo. A gente tem de disfarçar os tropeços, tem de empurrar para debaixo do pano os erros e medos. A gente tem de engolir calado. A raiva e as frustrações. E, por vezes, até os desejos. O mundo é cruel. A gente precisa. A gente precisa engolir o choro diante das tão frequentes tragédias, a gente precisa calar o grito de revolta e dor. A gente precisa lutar, mas parece que a força só se subtrai...

A gente precisa de mais paz. Com nós mesmos. A gente precisa ser mais tolerante com nossos medos e dores. A gente precisa saber a hora de pedir ajuda. A gente não pode deixar que a escuridão seja mais forte que a luz. A gente precisa continuar lutando... A gente precisa ouvir mais, entender mais, perdoar mais. A gente precisa se dar mais as mãos. A gente precisa de cautela para enfrentar o novo. A gente precisa ser forte. Precisa.

Precisamos, acima de tudo, agradecer por termos chegado até aqui. A estrada tem sido árdua. O caminho tem sido longo e sinuoso. Os pés estão calejados. Os pulmões necessitam de mais ar. Os olhos estão cansados e marejados. Mas o pulso ainda pulsa. Ainda estamos aqui, afinal. No peito o coração ainda bate, mesmo que ofegante. Ainda rimos e choramos. Ainda há, sim, um fio de voz a gritar. Mesmo que baixo. Mesmo que entrecortado. Ainda existimos, e isso basta. Mesmo diante da triste seca, aquele grãozinho ainda insiste em brotar. Ainda insiste em fincar raízes nesse solo pobre, rachado e pedregoso. E cresce, dia após dia, desafiando quem ousara desacreditar. E se desenvolve, semeando esperanças naqueles que nunca deixaram de crer. Eis que brotam as flores...

Levante-se;

Nós iremos colher nossos frutos