quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Aión

O tempo corre demais. Horas, dias e meses voam. Muito pode mudar em um ano. 

Quando eu olho para trás e penso onde eu estava há 365 dias... Vivendo um turbilhão. Cheia de incertezas. Almejando grandes sonhos. Estabelecendo planos. Permitindo-me mudar. Experienciando recomeços e novidades. 

Hoje cá estou. Vivendo sonhos... Descobrindo novos prazeres. Realizando planos. Almejando novos objetivos. Entendendo que cada coisa tem sua hora determinada de acontecer. Que não adianta ter pressa de chegar. Que eu sou capaz de vencer meus próprios medos e obstáculos se eu tiver paciência e confiança. O relógio não vai parar, mas também não correrá sem mim.

O tempo cronológico segue o tempo aiônico. Andam unidos, entrelaçando-se. Aión é intensidade. É sagrado e eterno. Não se mede. Cronos é correria, mensuração, científico. Percebo que não quero estar presa unicamente a nenhum deles; mas poder viajar por ambos. Ser interseção. Equilíbrio. Não preciso me fechar numa caixa. Não preciso fazer sentido para ninguém além de mim.

Recebo olhares; uns, de susto. Outros, admiração. Olhos curiosos que tentam ler um manuscrito que nem eu ainda decifrei. Ou terminei. Sigo me escrevendo entre acertos e linhas tortas. Sigo por várias estradas e sei que sou dona do meu próprio caminho. Quero poder estar confortável com quem sou, me sentir em casa no meu próprio templo. Eu. Sei que esta é uma das experiências mais empoderadoras e libertadoras existentes.

Quero poder me amar um pouquinho mais a cada dia, mesmo que em alguns deles em odeie minhas sombras e dores. Quero poder reconhecer-me grata pelo meu trajeto, pela minha história e lutas. Quero agradecer pelos meus tropeços e cicatrizes. Sei que sou forte e vencedora. Sei que a coragem habita em mim. Sei que tenho muito para oferecer para mim e para os outros, e tento dar o meu melhor sempre, na medida do possível.

Sei ser poesia, sei ser narrativa, sei ser silêncio, sei ser dor. Sei ser chuva, sei ser rio que corre, sei ser sol, ventania, sei ser topo da paz. Sei contemplar o belo e apreciar a natureza. Sei ser. Sei viver. Sei dar tempo ao tempo. Sei respeitar a criança que existe em mim.

E o que eu ainda não sei, ah... Isso a viagem há de me ensinar.