domingo, 15 de julho de 2018

Catatonia


Vencer sem riscos é triunfar sem glória - Pierre CorneilleÉ uma mistura tão grande de sentimentos. A falta de ar, o nó na garganta, o aperto no peito. As entranhas revirando. O misto de pensamentos e sensações que me fazem pensar que vou enlouquecer a qualquer momento. 

A necessidade de fazer tantas coisas ao mesmo tempo que na maioria das vezes simplesmente me paralisa. O desejo de ser reconhecida pelos outros quando na verdade eu só preciso do meu próprio reconhecimento. Do meu próprio cuidado. Do meu próprio perdão.

A dificuldade de falar sobre o que sinto vem pesando. É como aquela nuvem escura de chuva que insiste em não precipitar e vai virando tempestade acumulada. O medo de não ser compreendida ou legitimada. A vergonha. A culpa por me sentir assim. A sensação de que tenho feito pouco, por mim e pelos outros. A falta de vontade, de fome, de sono. Ou o excesso de todos eles de modo que me fazem sentir em um episódio maníaco. Saber demais às vezes machuca.

E as atividades diárias seguem, arrastadas. As obrigações e responsabilidades continuam e tenho que cumpri-las.

Há algum tempo não consigo falar sobre mim. Tenho tentado ser eu da melhor forma que posso. Às vezes o caminho é mais simples; às vezes as máscaras são mais confortáveis de se vestir. Às vezes finjo tão bem que até acredito. Mas é quando me pego pensando que sinto o vazio. A apatia. A agonia do não ser. Do não estar. Do não querer. É difícil estar nesse lugar novamente. É como se o chão se abrisse sob meus pés. É como estar em um quarto escuro onde não entra luz. 

É uma catatonia que vira a minha vida de cabeça para baixo e ninguém além de mim consegue ver.