É uma mistura tão grande de
sentimentos. A falta de ar, o nó na garganta, o aperto no peito. As entranhas
revirando. O misto de pensamentos e sensações que me fazem pensar que vou
enlouquecer a qualquer momento.
A necessidade de fazer tantas coisas ao mesmo
tempo que na maioria das vezes simplesmente me paralisa. O desejo de ser
reconhecida pelos outros quando na verdade eu só preciso do meu próprio reconhecimento.
Do meu próprio cuidado. Do meu próprio perdão.
A dificuldade de falar sobre o
que sinto vem pesando. É como aquela nuvem escura de chuva que insiste em não
precipitar e vai virando tempestade acumulada. O medo de não ser compreendida
ou legitimada. A vergonha. A culpa por me sentir assim. A sensação de que tenho
feito pouco, por mim e pelos outros. A falta de vontade, de fome, de sono. Ou o
excesso de todos eles de modo que me fazem sentir em um episódio maníaco. Saber
demais às vezes machuca.
E as atividades diárias seguem,
arrastadas. As obrigações e responsabilidades continuam e tenho que cumpri-las.
Há algum tempo não consigo falar
sobre mim. Tenho tentado ser eu da melhor forma que posso. Às vezes o caminho é
mais simples; às vezes as máscaras são mais confortáveis de se vestir. Às vezes
finjo tão bem que até acredito. Mas é quando me pego pensando que sinto o
vazio. A apatia. A agonia do não ser. Do não estar. Do não querer. É difícil
estar nesse lugar novamente. É como se o chão se abrisse sob meus pés. É como
estar em um quarto escuro onde não entra luz.
É uma catatonia que vira a minha
vida de cabeça para baixo e ninguém além de mim consegue ver.