domingo, 19 de novembro de 2017

Perdão

Como é difícil tentar ser aquilo que querem que eu seja. Como é duro andar em círculos correndo atrás daquilo que eu nem sei o que é. A gente fala muito em autoaceitação, amor próprio, mas a verdade é que é um exercício árduo e diário tentar ser melhor. O que é melhor? Isso concerne a mim ou aos outros? Quem demanda? Já nem sei.

Há algum tempo venho tentando mudar. Há algum tempo venho tentando me reconhecer; me reencontrar em mim. A casa é a mesma, sempre foi. Mas os móveis, ah, esses sempre se rearranjam. Por vezes, ficam revirados de cabeça para baixo; noutras, são pura disciplina e organização. Na verdade, o que busco é o equilíbrio há muito perdido. Na verdade o que quero é poder olhar-me no espelho e enfim me reconhecer, depois de tanto lutar. Existe uma briga aqui dentro de mim, e ela é feroz. Existe aquele monstro, que por vezes se mostra calmo, contudo em outros momentos parece me rasgar ao meio para fugir. Esse eu, tão cheio de facetas e nuances. Esse eu tão misturado e cheio de cores. Tonalidades de dor, alegria, esperança, cura. Aceitação. Amizade, frieza, liberdade, feminino, movimento. São tantas palavras e coisas que borbulham dentro de mim. São tantos eus fragmentados tentando ser um só

Sigo na busca. Sigo meu caminho sabendo que sempre há tempo para pausar, reavaliar e recomeçar. Sigo tentando enfrentar meus demônios, que não são poucos. Sigo trabalhando no enfrentamento das adversidades. A verdade é que nada nunca é 100% bom. Mas cabe a nós a adaptação. Cabe a nós a paciência. Cabe a nós, acima de tudo, o autocuidado. E cuidar de si mesmo é saber que às vezes as coisas podem se tornar mais difíceis. Às vezes a gente precisa se confrontar, mesmo que doa. Se permitir sair daquela zona de conforto que, mesmo desconfortável, parece nos servir tão bem. A gente precisa aceitar que cabe a nós arcar com as expectativas que criamos em relação ao mundo. Nós devemos ser nossa prioridade, e nada mais. Porque não existe nada tão confortável e lindo do que estar em paz consigo próprio. É um processo árduo, gradativo, lento. É um ciclo de desconstruções e reconstruções. Mas vale à pena. É gratificante crescer e aprender consigo mesmo. O autoperdão genuíno é combustível para seguirmos adiante tentando ser melhores, acima de tudo, para nós.

Poder

em mel e girassóis te peço..Me amar não pelo que fui, nem pelo que serei;
Mas pelo que sou.

Me aceitar não pelo passado, nem pelo futuro;
Mas pelo presente.

Escolher não por ontem, nem por amanhã;
Mas por hoje.

Lutar não por quem passou, nem por quem virá;
Mas por quem está.

Fazer não porque devo.
Mas porque quero, posso e escolho.


Junho/17.