quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Vagalumes

Os aniversários vão chegando e a gente vai pensando em quem a gente é, em quem a gente gostaria de ser. Em quem a gente se tornou. A gente vai pensando em tudo aquilo que conquistou e perdeu ao longo dos anos. A gente vai pensando no quanto nunca pensou o quão difícil e longa seria essa caminhada. E a gente só queria ser criança de novo. A gente só queria um colo, um afago, um mimo. A gente só queria voltar a chorar pelos joelhos ralados. A gente só queria a pureza e a inocência. A leveza de não ter tanto medo das incertezas. A facilidade de não ter que pensar tanto e sentir tanto. Se sentir tão sozinho... A gente tem medo. Medo de se perder no caminho. Medo de seguir sozinho. Medo do quão assustador e angustiante é ver os dias passarem e todos mudarem, tudo mudar. Medo de não estar preparado. Medo de não ser bom o suficiente. Medo de ser, medo de estar, medo de viver. 

E no meio de tanto medo, algumas luzes se acendem. Ainda que fracas, brilham. E insistem em deixar um feixe de luz que seja por onde passam. Insistem em deixar sua cor, sua onda, sua marca. E deixam. São pequenos vagalumes que piscam, como estrelas no céu. Mas esses vagalumes, ainda que tão ínfimos diante da grandeza do universo, existem. Resistem. E, juntos, são uma grande luz. As estrelas, ainda que distantes, são grandes. Têm vida. E mesmo diante de tantos anos e explosões, continuam a brilhar, até a hora de se apagarem. Tudo na vida pode nos ensinar uma lição... É só prestarmos um pouquinho mais de atenção em tudo aquilo que não somos nós. Porque às vezes estamos tão absortos em nossos próprios problemas e medos que esquecemos de olhar pro outro. Às vezes é difícil se colocar no lugar do outro... Sair do nosso espaço, da nossa zona de conforto. Estamos sempre tão cheios de certezas sobre tanta coisa pré-concebida que às vezes deixamos de nos deixar conhecer. Re-conhecer. Nos afetar. Experimentar. De nos deixarmos amar e sermos amados. Há sempre o medo. Sempre a insegurança. Sempre a obrigação. Sempre os tantos 'deverias'. Sempre os erros do passado que machucam. Sempre as expectativas de um futuro incerto e superestimado. E o agora? Quem faz? Quem permite? Quem vive?

É uma tarefa difícil e diária exercitar a empatia. Mas é possível. Somos nossos donos. E somos livres. Nós fazemos as nossas escolhas e somos as nossas escolhas. Nós traçamos nosso próprio caminho. Há sempre uma nova estrada, uma nova perspectiva, uma luz, por mais sombrio que o caminho seja. Há sempre alguém pra nos ajudar a seguir firme nessa caminhada. Sempre há. E se não houver, nós mesmos seremos nossos guias. A vida inteira somos ensinados a buscar a felicidade, a realização plena, em algo ou alguém além de nós. Contudo, ao longo do caminho vamos percebendo que a resposta que precisamos não está em lugar nenhum se não em nós mesmos. Cada experiência, cada contato, é uma troca que fazemos com o outro, um encontro, que pode ser bom ou ruim, mas que com certeza deixa marcas. Então cabe, a cada um de nós, utilizar tais momentos como combustível para a mudança que virá, a revolução em que seremos nossos próprios líderes.

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