Mais um outono nasce e, com sua
chegada, vão-se as folhas, a fim de em breve dar espaço para um novo florescer.
Um novo outono significa despir-se das folhas já velhas, amareladas e gastas
pelo tempo. Depois de um verão de agitação e alegrias, o outono vem trazer
pausa e calmaria. O outono é sobre saber dizer adeus àquilo que já não nos
serve mais. É sobre desapegar-se daquilo que já não vale mais à pena e assistir
às folhas secas serem levadas pelo vento. É clima ameno, agradável, caloroso,
mas não sufocante. É meio termo entre o fogo e o gelo. É tempo de reflexão e renovação.
O outono, contudo, é muito mais
do que apenas folhas que caem na rua de casa ou no nosso quintal. É fruto de um
movimento muito maior do que nós, que nos foge ao controle, que nos muda a
órbita, que nos altera a posição.
Diante desse novo outono, quero
despir-me dos medos e incertezas que a euforia do verão trouxe consigo; quero
me preparar para os novos desafios e batalhas que o inverno trará. Quero
permitir que as folhas velhas sequem e caiam, uma por uma. Quero poder, no fim
do outuno, contemplar a beleza das folhas secas do chão, sem arrependimentos.
Quero poder, enfim, varrer as folhas secas que se amontoam, que já não têm mais
um tom bonito de alaranjado ou dourado, mas sim uma espécie de cinza morto.
Quero ansiar pelo acalento e
conforto do inverno, e me preparar para as alegrias da primavera. Quero
aprender que é preciso, em qualquer das estações, estar pronta para estar em
paz comigo mesma e deixar ir. Quero pode seguir por qualquer que seja o
caminho, seja ele sinuoso, abafado, nublado, pedregoso, cheio de obstáculos,
tempestuoso, escorregadio ou florido.
Quero sentir que, enfim, o outono
trouxe consigo o amadurecimento de que tanto preciso. Amadurecimento este que
significa dar um passo de cada vez, e passar pelas adversidades sem me permitir
endurecer. Quero legitimar o que há muito já sei, sobre a vida ser um ciclo,
uma montanha russa, um campo minado, uma eterna descoberta de possibilidades e
um leque infinito de escolhas. Que o outono, então, traga-me calma, paciência e
sabedoria para iluminar os meus caminhos, e que eu possa finalmente entender e
poder contemplar a beleza da metamorfose das estações.
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