domingo, 9 de abril de 2017

Estações

Jah Bless Me:
Mais um outono nasce e, com sua chegada, vão-se as folhas, a fim de em breve dar espaço para um novo florescer. Um novo outono significa despir-se das folhas já velhas, amareladas e gastas pelo tempo. Depois de um verão de agitação e alegrias, o outono vem trazer pausa e calmaria. O outono é sobre saber dizer adeus àquilo que já não nos serve mais. É sobre desapegar-se daquilo que já não vale mais à pena e assistir às folhas secas serem levadas pelo vento. É clima ameno, agradável, caloroso, mas não sufocante. É meio termo entre o fogo e o gelo. É tempo de reflexão e renovação.

O outono, contudo, é muito mais do que apenas folhas que caem na rua de casa ou no nosso quintal. É fruto de um movimento muito maior do que nós, que nos foge ao controle, que nos muda a órbita, que nos altera a posição.

Diante desse novo outono, quero despir-me dos medos e incertezas que a euforia do verão trouxe consigo; quero me preparar para os novos desafios e batalhas que o inverno trará. Quero permitir que as folhas velhas sequem e caiam, uma por uma. Quero poder, no fim do outuno, contemplar a beleza das folhas secas do chão, sem arrependimentos. Quero poder, enfim, varrer as folhas secas que se amontoam, que já não têm mais um tom bonito de alaranjado ou dourado, mas sim uma espécie de cinza morto.

Quero ansiar pelo acalento e conforto do inverno, e me preparar para as alegrias da primavera. Quero aprender que é preciso, em qualquer das estações, estar pronta para estar em paz comigo mesma e deixar ir. Quero pode seguir por qualquer que seja o caminho, seja ele sinuoso, abafado, nublado, pedregoso, cheio de obstáculos, tempestuoso, escorregadio ou florido.

Quero sentir que, enfim, o outono trouxe consigo o amadurecimento de que tanto preciso. Amadurecimento este que significa dar um passo de cada vez, e passar pelas adversidades sem me permitir endurecer. Quero legitimar o que há muito já sei, sobre a vida ser um ciclo, uma montanha russa, um campo minado, uma eterna descoberta de possibilidades e um leque infinito de escolhas. Que o outono, então, traga-me calma, paciência e sabedoria para iluminar os meus caminhos, e que eu possa finalmente entender e poder contemplar a beleza da metamorfose das estações.  

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