É surpreendente notar os caminhos
que a nossa vida segue. Como eu imaginaria que em menos de um ano tudo mudaria
tanto? Os lugares, as pessoas, as lembranças, as convicções. E eu ainda não sei
se deveria estar aqui. Não sei se pertenço a essa atmosfera tão diferente da
minha. Essa nostalgia que insiste em transbordar meu peito toda vez... Se eu
pudesse voltar atrás, realmente não sei que rumo tomaria. E como seria se eu
tivesse, talvez, ficado? Teria preservado as pessoas que perdi? Teria ganhado
novos tesouros? O nó na garganta se forma só de pensar. Ao longo do tempo, fui
me fechando para o mundo ao meu redor... Mas no fundo, no fundo, ainda sou aquela
menininha carente que só precisa do colo e do carinho de um bom amigo. Saudades
de casa, isso é o que eu sempre sentirei. É esse o preço que o passarinho paga por voar do ninho? Saudades de um tempo que não volta
mais, e que parece cada vez mais distante. Mas recordações continuam agarradas a mim. Saudades da paz, do aconchego de um lar que talvez não me pertença mais. Eu
sei que escolhi chegar até aqui. Eu sei que estou construindo tudo o que eu
quero. Mas falta uma parte de mim. Uma peça perdida que talvez eu nunca mais
encontre. Uma essência de mim que ficou no passado... Talvez eu sinta falta do
medo que me protegia. Deixei-o de lado e passei a enfrentar tudo de frente. Mas
por que ainda dói tanto? Por que as incertezas me perseguem? Eu só queria deitar
a cabeça no travesseiro e saber que fiz a escolha certa. Só queria não ter de
deixar para trás os amigos que eu fiz, que a falta de convivência diária faz
questão de afastar. Eu só queria me entregar de verdade a esse novo lugar, a
essas novas pessoas. Mas simplesmente não sou eu por completo. Falta uma parte
de mim.
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