Do meu pulso aberto jorram as palavras
Que me escorrem da mão até o chão
O que é o poeta, se não um louco?
A vida passa, a arte grita
Mas eu tenho medo, muito medo.
Os ciclos parecem não se fechar
O que era costume torna-se o maior dos estranhos
Não sei mais quem sou.
A arte, a morte, a devoção
Até onde devo ir?
Caminhos tão longos, estreitos, sem volta
Um sentimento que me bate à porta
As palavras que gritam pelos olhos e garganta
E me afogam o peito
O que vejo só a mim parece errado?
Oh, mundo, será que tens jeito?
A saudade torna tudo tão sufocante e distante
Desfigura os rostos outrora conhecidos
Rouba a graça dos lugares dantes queridos.
Me perco no meu vazio, no meu profundo, nos meus devaneios
E acho que ninguém nunca entenderá
Acalma-te, alma minha
Que tua paz há de chegar.
Escondo-me por detrás dos versos
Ah, estes que tão bem me entendem
Fiéis companheiros que nunca hão de explicação precisar.
Oh, meus estranhos rabiscos
Tão cheios de mim e tão próximos do rascunho imperfeito que sou!
Imersa em minhas loucas lacunas poéticas
O mundo real me chama
Este amor, tão verdadeiro, tão banal
Tão carne tão sonho tão nuvem tão chão
Clareia em mim o que antes era escuridão.
E longe de ti
Agrego-me ao dia-a-dia
Até que a vida decida me por de vez nos braços teus.
Agrego-me à vida como se algum dia fosse pertencer a um lugar que não os braços teus.
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