Se ousam dizer que o amor é feito
só de coisas bonitas, arrisco dizer-lhes que estão cometendo um equívoco. Amar
é também feito das partes tristes e dos defeitos, oras! E não se trata do amor
cego, aquele que sequer enxerga o que há de torto, ou prefere não ver. Amar é
reconhecer as imperfeições do outro e, ao invés de julgá-las ou deixá-las de
lado, moldá-las no melhor que podem ser. Amar é superar-se a cada dia, é entender
as limitações do outro e as próprias limitações; é ir além do óbvio, além do
palpável, além do real. O amor é sim feito de olhares e sorrisos, momentos e
abraços; mas é também feito de chegadas e partidas, perdas e ganhos, de
lágrimas, tombos, reconciliações... Acredito que amar seja abrir as portas do
coração para que o outro invada. E revire, e desvire, e faça morada. Amar é
seguir o mesmo caminho de mãos dadas, é subir um degrau por vez, aprendendo e
ensinando coisas novas a cada dia. Amar é compreender. Mas acho que, acima de
tudo, amar significar crescer. E crescer, algumas vezes, inclui deixar para
trás algumas roupas e brinquedos velhos que já não servem mais. Crescer é sobre
cair, ralar os joelhos, chorar, encontrar abrigo. Crescer é sobre as mudanças
que a gente vai carregar na mala para sempre. Esquece o medo do amor, esquece o
medo do mundo, esquece o medo de viver, esquece a distância, o tempo, esquece o que todo mundo vai
pensar. A vida é curta demais pra gente se preocupar com algo além de ser
feliz, meu bem.
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