A vida é cheia de surpresas.
Realmente, vivemos uma realidade cercada de vários universos paralelos. Frente
aos nossos olhos, estão dispostos vários caminhos a seguir, várias escolhas a
se fazer. E a gente nunca sabe onde o fim da estrada vai dar. Resta arriscar.
Resta mergulhar de cabeça, corpo, alma e coração em cada pequeno riacho que
encontrarmos. Afinal, a gente nunca sabe em qual final de trilha vamos
encontrar a mais esplêndida queda d’água.
Devemos encarar tudo da forma
mais sincera e intensa possível. Devemos amar como se não houvesse amanhã.
Devemos nos entregar de braços abertos sem medo. De fato, muitas vezes as
coisas não acontecem como o planejado. Caminhos que gostaríamos que estivessem
cruzados para sempre às vezes se desviam. Mas aconteceu quando era pra
acontecer. E foi suficiente para deixar uma marca inapagável.
Por vezes dói, dilacera, e a
gente pensa que a ferida nunca vai curar. Mas sara, uma hora sara. E a gente
pode finalmente olhar pra trás e rir de tudo que passou. E a gente pode,
finalmente, se orgulhar da história que viveu. Enxergar as falhas e aprender
com elas. Saber o que valorizar e o que perdoar. Saber também quando pedir
perdão.
É engraçado porque depois de
tanto tempo, depois de tantos acertos e erros, a gente acha que finalmente
construiu uma fortaleza inabalável. A verdade é que, por trás de tantas paredes
e barreiras, a gente sempre é aquela criança frágil querendo colo. A vida
adulta chegou, e a vida adulta assusta. As responsabilidades se multiplicam de
uma forma que a gente nunca aprendeu nos cálculos da escola. Os medos e anseios
oscilam mais do que uma montanha russa. Todos os dias, enfrentamos vários altos
e baixos. Todo dia é uma nova batalha e um novo desafio a se vencer. Por vezes
ganhamos; em outras, perdemos. Mas seguimos. Mesmo quebrados por dentro.
Seguimos. Mesmo cheios de
incertezas e inseguranças. Mesmo vestindo máscaras diariamente, sem ao menos
saber. E às vezes a gente precisa de ajuda pra enxergar o que está diante dos
nossos olhos e a gente se recusa a ver.
Por vezes somos postos à prova. Após
um momento de vertigem, finalmente vemos com clareza os caminhos a seguir. Qual
deles escolher? Com qual mais me identifico? Um caminho é doloroso. Têm
sorrisos e alegria, mas tem indiferença e olhos fechados. Têm feridas que não
querem ser tocadas. Tem mágoa. Tem superficialidade. O outro é o que mais me
apetece... Mas parece tão difícil chegar até lá. Tão difícil cruzar essa
estrada sem me ferir tanto. O terceiro é onde me escondo. Onde determino
objetivos que tenho que atingir. Mas será mesmo isso que eu quero? O quarto significa
futuro, significa paz. E o quinto, bem, o quinto é onde estou. Resta saber
quantas feridas precisarão ser fechadas e reabertas até de fato encontrar o meu
caminho.
Toda estrada tem um preço; toda
escolha tem um valor a ser pago. E cabe a nós arcarmos com as consequências dos
nossos atos. No fim do dia, só queremos estar em paz com nós mesmos e com a
consciência tranquila. Diante de tudo, só quero ter forças para trilhar o meu
caminho. Para fazer escolhas sábias. Para aprender com meus erros. Pra não me
deixar abalar. Pra ser resiliente. Pra lutar por aquilo que acredito e não me
deixar importar com o que os outros vão dizer.
Quero encontrar novamente o
caminho do meu eu.
Quero, mais do que nunca, ser
aquela que almejei.